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quarta-feira, julho 29, 2009


Há uns dias (ver Segunda-feira, 20 Julho de 2009), tinha referido que esta obra me tinha chamado a atenção quando a folheei. Após uma primeira leitura, confirma-se: Asterios Polyp é uma obra-prima! Não tanto em termos de narrativa, mas sim na forma como explora as possibilidades da chamada novela gráfica.
A arte de Asterios Polyp pouco tem a ver com a que David Mazzucchelli assinou em Daredevil: Born Again ou Batman: Year One. O único ponto em comum é a grande qualidade artística. Dir-se-ia mesmo que estamos perante dois artistas completamente distintos: enquanto que nas obras de super-heróis acima mencionadas, a arte de Mazzucchelli é sóbria, em Asterios Polyp encontramos uma arte precisa e bem delineada, mas na qual reina o experimentalismo. Não parece haver nada que Mazzucchelli não aborde para desconstruir: a exploração do espaço negativo, as vinhetas, o tipo de letra, os balões, as personagens (quer em termos físicos, quer em termos psicológicos), o tipo de arte – nada parece ser deixado por experimentar. E experimentação é mesmo a palavra de ordem em Asterios Polyp. As cores usadas têm um aspecto esbatido e retro, em contraste com o que acontece com a maioria das obras hoje em dia, cujas cores são vivas. Mas mesmo as cores usadas por Mazzucchelli funcionam bem.
A história resume-se brevemente: Asterios Polyp é um arquitecto bem sucedido (embora nenhuma obra sua tenha sido construída de facto) que numa noite de tempestade vê um raio incendiar a sua casa. Asterios sai de casa à pressa, tendo apenas a roupa do corpo e algum dinheiro. Compra um bilhete de autocarro até a uma pequena localidade e aí, arranja trabalho como mecânico. Enquanto se acostuma à sua nova vida, Asterios vai relembrando o seu passado.
Asterios Polyp dificilmente agradará aos apreciadores de histórias repletas de acção, suspense ou aventura. É um insight na vida de um homem, usando um tom mais filosófico e meditativo. Mas a narrativa em si não é o forte desta obra; é a forma como está contada, em termos de variedade artística, que torna Asterios Polyp uma obra única. Praticamente tudo merece atenção e será mesmo necessário uma segunda ou terceira leitura para descobrirmos todos os detalhes. Após a primeira leitura, realçam-se os seguintes aspectos: a conciliação de influências de correntes arquitectónicas com um traço de aparência mais simples, em que se joga com noções de perspectiva e geometria; a alteração entre vinhetas de aspecto mais convencional e outras de aspecto mais experimental (é notória a influência do mestre Will Eisner, especialmente nas vinhetas em que o cenário de fundo da acção é a própria vinheta); o uso frequente do espaço negativo, em que o cenário se propaga até ao final da página (em algumas páginas, o cenário ocupa mesmo toda a página, não havendo guias); o uso alternado quer de onomatopeias, quer das próprias palavras para representar acções (exemplo: “pull”, para referir a acção de retirar um prego; “saw” para referir a acção de serrar uma tábua); a diferenciação das vozes das personagens, não apenas através de tipos de letra diferentes, mas mais frequentemente através de balões de fala diferentes (exemplo: Asterios Polyp tem um balão rectangular para representar a sua voz, outra personagens têm balões arredondados, em forma de nuvem, ou em forma de coração). O recurso a diferentes balões de fala é mesmo uma das características mais marcantes de Asterios Polyp e que, possivelmente, fará escola. Cada personagem tem o seu balão específico, mas o tipo de letra pode ser o mesmo para diferentes personagens. O resultado é formidável e de modo algum causa confusão visual, com a vantagem de sabermos sempre a que personagem pertence determinado enunciado. A experimentação com os balões oferece mesmo momentos deliciosos, como provam estes dois exemplos: quando uma personagem fala e é interrompida por outra, o balão desta personagem sobrepõe-se ao da que falava anteriormente, na parte exacta em que ocorre a interrupção, conferindo ao leitor a ideia de quebra súbita no discurso de uma personagem; a cena na qual Asterios conversa com a sua esposa, e conforme a conversa se vai tornando mais íntima e conforme as duas personagens se vão aproximando mais fisicamente, a ponta dos balões de ambas as personagens vão-se progressivamente entrelaçando, até ambos os balões estarem colados, na mesma altura em que as duas personagens já estão próximas.
As personagens têm um ar muito espontâneo e natural, apesar de uma fisionomia algo esquisita (Asterios é mesmo o maior exemplo de uma fisionomia esquisita); essa naturalidade é conferida através de gesto simples e banais, característicos dos seres humanos (exemplo: o tique da esposa de Asterios a deslizar as mãos pelo cabelo).
Não resisto ainda a referir a cena na qual Asterios prepara um jantar romântico e a mulher lhe diz que é vegetariana, quando ele estava a preparar carne de porco: vamos acompanhando o balão de pensamento de Polyp, em que o folhear de um livro nos mostra que ele está a tentar lembrar-se de uma receita. Sublime!
Muito fica ainda por mencionar, uma vez que Asterios Polyp apresenta material suficiente para elaborar uma tese académica. Estamos sem dúvida perante uma das melhores obras publicadas este ano e só o tempo dirá que lugar ocupará na história da BD. Não sendo uma obra de massas, parece-me que será uma daquelas obras de culto a ser apreciada como um bom vinho: com o passar da idade e após um adequado período de amadurecimento.
saí­do da mente de Nuno Miguel Lopes às 11:59 da tarde
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3 Comentários:
Olá Nuno!!
Confesso que Mazzucchelli não é um dos artistas que eu gosto. O trabalho dele com o Demolidor deixou muito a desejar.
Fiquei curioso com a tua descrição sobre Asterios Polyp, vou ver se esta "nova versão" de Mazzucchelli é mais agradável ;)

Um abraço.

Saí­do da mente de Blogger Unknown, às 10:50 da manhã

 
Olá Lucaimura.

Se serve de consolo, a arte de Asterios Polyp pouco tem a ver com a arte que ele empregou no Demolidor. :) Dá uma oportunidade ao Asterios e depois diz-me o que achaste.

Um abraço.

Saí­do da mente de Blogger Nuno Miguel Lopes, às 11:38 da manhã

 
Exelente critica, acabei procurando algumas páginas na net e fiquei muito curioso. Vou ler o livro assim que tiver oportunidade.

Saí­do da mente de Blogger Filipe Gonçalves, às 12:52 da tarde

 

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