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sexta-feira, maio 06, 2011

Editora: Vertigo
Ano: 2010
Páginas:192


Após um longo hiato, eis-me de volta aos posts para falar de um dos tesouros esquecidos de 2010: Revolver, de Matt Kindt. Confesso que eu próprio só recentemente tomei conhecimento desta obra e deste autor.

Antes de falar da obra, deixo umas palavras sobre Matt Kindt. É um artista e argumentista norte-americano que já cria banda-desenhada há uns anos. Mas, apesar da boa recepção crítica que as suas obras têm tido e das nomeações para prémios (incluindo o Harvey, para o qual Matt Kindt foi nomeado com as suas obras Pistolwhip, em 2001, e Super Spy, em 2008), é um autor que tem permanecido algo desconhecido por parte do público - o maior destaque em termos de público será, provavelmente, a sua colaboração com Alan Moore em Lost Girls.

Revolver narra a história de Sam, um tipo banal que vive em Seattle e que tem uma vida deprimente (em relação à qual ele pouco se esforça e nada faz para mudar): um trabalho que detesta, uma chefe que não suporta (e que não o suporta a ele) e uma namorada que, apesar de simpática, vive a sua vida em função do consumismo e do materialismo. Um dia (não é assim que acontece na maioria das histórias?), a vida de Sam é abalada quando ele acorda para um dia que parece igual aos outros, mas em que uma bomba destrói a cidade! Sam salva a sua chefe e enceta uma luta pela sobrevivência, tal como os restantes sobreviventes. Mas quando Sam acorda no dia seguinte, está de volta à sua vida do costume! E os seus dias passam a ser sucessivamente assim: um dia acorda no seu mundo habitual; no seguinte, acorda no mundo destruído. Sam vai tentando viver as suas vidas paralelas, tirando partido do conhecimento adquirido num mundo para usar no outro, até que chega uma altura em que terá de fazer a difícil escolha: optar pelo seu mundo habitual, onde tudo continua igual e a sua vida parece sonâmbula; ou optar por um mundo pós-apocalíptico, no qual encontra um sentido para a vida?

Acrescento ainda que também há um orador/motivador público (um daqueles tipos que faz palestras sobre como as pessoas podem melhorar a sua vida) que vai aparecendo em cartazes e anúncios publicitários e cuja presença será relevante para o desenlace da história. E mais não digo em relação à narrativa para não estragar as surpresas que se vão operando na vida de Sam (e das personagens à sua volta), em especial a sua relação com as pessoas (nomeadamente, com a sua chefe).

Um dos primeiros aspectos que salta à vista de quem folheia Revolver é a numeração das páginas: aparecem como parte de um texto, como se fosse um boletim informativo a passar em rodapé. O pormenor é delicioso, tanto mais que o texto em cada rodapé se refere ao mundo em que está a decorrer o dia mostrado nessa página. Outro detalhe é a coloração das páginas que permite distinguir em que mundo se está a desenrolar a acção: as páginas relativas ao mundo normal têm um tom azulado, enquanto que as páginas relativas ao mundo pós-apocalíptico têm uma tonalidade acastanhada.

Podem ver ambos os pormenores nestas páginas:


A arte de Matt Kindt tem um traço de aspecto enganadoramente simples, por vezes quase cartoonesco, mas funciona muito bem. É uma arte atípica em relação ao mainstream norte-americano, mais característica da banda-desenhada alternativa. Kindt também concebe particularidades interessantes, como por exemplo a composição de uma página do mundo normal à qual se segue uma do mundo pós-apocalíptico igual, em termos de vinhetas e planos, mas com intervenientes e contextos diferentes, mostrando de forma eficaz como se vão sucedendo as vidas paralelas de Sam.

O veredicto é o de que Revolver foi uma das melhores obras de banda-desenhada saídas em 2010 e que, injustamente, não teve o reconhecimento de público que merecia. Não sendo uma obra-prima no que respeita ao argumento (o ponto de partida é bom, mas por vezes o desenvolvimento deixa algo a desejar) é uma obra surpreendente que dá vontade de ler mais (ou melhor, de haver mais história, mais páginas para ler). E Matt Kindt é um autor a ter debaixo de olho em relação às suas publicações futuras.


saí­do da mente de Nuno Miguel Lopes às 6:02 da tarde
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